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Estudos Bíblicos

IDE E FAZEI DISCÍPULOS – Estudo Bíblico com Pr. AMÓS ANGER

No texto de Mt 28.18-20, chamado a Grande Comissão, Jesus com toda autoridade, pois Deus já o havia ressuscitado, dá uma ordem imperativa: Fazei discípulos! Essa missão passa a ser a principal atividade da igreja inaugurada no primeiro dia de pentecostes após a ressureição de Jesus.
Durante seu ministério na terra, Jesus, usou principalmente dois métodos conhecidos na época. O conceito grego, que consistia em expor o tema a grandes grupos, através de palestras, tal como no Sermão da Montanha; e também uma prática hebreia, o discipulado, onde havia um relacionamento intenso e pessoal entre o discipulador e o discípulo
Naquela época, geralmente, o discípulo morava com seu mestre, e isto além de provocar uma intensidade na relação, mostrava também a realidade do mestre, isto é, se praticava o que ensinava.
O princípio de autoridade é “fazer o que prega”. Por esta razão que algumas vezes as Escrituras Neotestamentárias citam a admiração das pessoas que ouviam Jesus, “se maravilhavam com a autoridade que ensinava.”
Desde a tenra idade, os meninos hebreus, eram preparados para serem discípulos de um renomado rabino, aos seis anos eram enviados a “Casa do Livro” para que aprendessem a Torah e tivessem amplo conhecimento da mesma. Aos 10 anos os mais destacados eram enviados a “Casa de Aprender” onde a Lei e os Profetas eram estudados a exaustão. Logo após esta etapa quando tinham em torno de 14 anos eles mesmos procuravam um rabino que os aceitasse e passavam a segui-lo. Como a procura era grande logo a maioria se frustrava e os rabinos não os aceitavam e então voltavam aos afazeres dos pais ou outras profissões.
Ser discípulo significa estar aos pés de alguém idôneo, aprendendo com devoção tudo o que o mestre lhe ensinava. Havia um ditado na época de Jesus – “o bom discípulo cobre-se com a poeira das sandálias do rabino” – isto é, não se perde os passos do mestre por nada. Ex. Eliseu quando Elias estava para ser arrebatado. É interessante que Jesus ao exercer de toda Sua autoridade ao nos dar um mandamento imperativo, escolhe o método discipular para que expandamos o seu reino na terra. Ele nos manda ser “Rabinos!” Fazedores de discípulos assim como Ele foi. Não escolhendo os mais promissores e nem mesmo os mais entendidos, pois Ele mesmo disse aos seus discípulos conforme Jo 15.16 – Eu escolhi vocês!
Imagine um Pedro frustrado que teve o seu tempo na “Casa do Livro”, na “Casa de Aprender” e mesmo assim ouviu de algum rabino famoso da época: Pedro você será um bom pescador como teu pai, porém não tem condições de seguir-me. Porém um dia, aparece um Rabino, que Sua fama corria por toda Judeia, aproxima-se do barco onde Pedro pescava e profere as palavras que todo o menino da época gostaria de ouvir de um rabino – Vem e segue-me! Ele se desprende de redes e barcos e corre até Jesus, pois recebeu naquele momento o chamado para ser pescador de homens.
Quando Jesus na Grande Comissão nos dá a ordem não podemos esquecer que Ele também dá o método.
O apostolo Paulo entendeu bem isso e ele diz em alto e bom som, “sede meus imitadores, assim como sou de Cristo Jesus.” Fazer discípulos, e discípulos nossos, é tarefa principal da igreja. Muitos tentam se esquivar do compromisso tentando terceirizar alegando que estão aplicando recursos na obra, outros declinam do compromisso dizendo que as pessoas precisam seguir a Jesus e não o discipulador que pode ser falho, mas me parece bem claro que o discípulo deve seguir também seu discipulador, pois temos o Espirito Santo em nós, o agente da santificação.
Penso ser necessário uma urgente chamada aos líderes das igrejas para que desçamos um pouco do púlpito e partamos para próximo das pessoas, a fim de ensinar com autoridade este princípio do discipulado.
Pregadores, obreiros, músicos, administradores não são menos importantes que discipuladores, mas a questão é: Estamos formando discipuladores? Os membros de nossas igrejas estão conscientes do compromisso pessoal de cada um fazer discípulos? Estamos trazendo aos nossos liderados ferramentas e ensinos práticos de como fazer discípulos?
Não esqueçamos. Jesus na Grande Comissão nos ordenou fazer discípulos!

Pr. Amós Anger.

Pastor Presidente da AD Jari
Bel. em Teologia, Psicopedagogo Institucional, Clínico e Hospitalar.

Estudos Bíblicos

DIVISÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS SALMOS. Estudo com Pr. David Mattos. Parte 3

DIVISÃO E CLASSIFICAÇÃO


O livro de Salmos está dividido em cinco grupos, também chamado de cinco livros:


Livro 1 – 1-41.
Livro 2 – 42-72.
Livro 3 – 73-89.
Livro 4 – 90-106.
Livro 5 – 107-150.


Esta demarcação pode ser compreendida da seguinte maneira:
“…A base disto se acha no próprio Saltério, que coroa cada um destes grupos com uma doxologia. A Septuaginta (tendo como abreviatura LXX), traduzida no século II ou III a.C., é testemunha da antiguidade destas marcas, e ainda antes disto o cronista cita aquela que termina o Livro IV (1Cr 16:35-36) .
Além destas divisões há também um processo de desenvolvimento histórico aludido na combinação das diferentes coleções dos salmos. São coleções atribuídas a Davi (Salmos 3-41; 51-71); os filhos de Corá (Salmos 42-49; 84-85; 87-88) e Asafe (Salmos 50; 73-83). Acredita-se que os Cânticos de Romagem (Salmos 120-134) eram uma coleção de cânticos de peregrinação. Temos ainda os salmos 146-150 que empregam a marca Aleluia .
Existem muitas outras formas de classificar os Salmos, mas como bem observa Hilma Barreto Hollanda em seu artigo O Livro de Salmos e a Literatura:
Não podemos classificar os Salmos de maneira a reduzi-los, sacrificando as características individuais de cada um ao ponto de acreditarmos que dessa maneira estará́ tudo explicado. O gênero deve ser classificado de forma a permitir o início de uma análise do individual, comparando e diferenciando cada poema
Além das divisões, o livro de Salmos contém uma variedade de estilos literários. O pioneiro na abordagem dos Salmos buscando uma nova avaliação de procedência e função foi Hermann Gunkel (1862-1932). Sobre este método de abordagem, podemos citar:
… o método de Gunkel era buscar, em primeiro lugar, o contexto vivencial dos salmos, pesquisando canções e poesias a serem achadas noutras partes da Bíblia e em culturas contemporâneas; e, em segundo lugar, classificar a matéria mais pela sua forma do que pelo seu conteúdo. Este tipo de abordagem passou a se chamar crítica da forma. A base desta abordagem, está em três premissas principais que podem ser explicadas da seguinte maneira :Sendo que a literatura Bíblica religiosa tende a resistir mudanças e mantém os padrões estabelecidos. Então, sua literatura pode ser categorizada de acordo com semelhanças nas formas. Uma vez que a semelhança de forma deve significar semelhança de uso; então, formas semelhantes deveriam ser empregadas no contexto da vida religiosa. Sendo que há semelhanças na forma de culto e liturgia entre Israel e seus vizinhos, então os textos religiosos destas culturas vizinhas, podem ajudar na compreensão do emprego e significado das formas literárias de Israel.

Hermann Gunkel trouxe uma importante colaboração para o entendimento dos Salmos através da crítica da forma. A partir de sua crítica o Salmos passaram a ser vistos mais em seu contexto de culto do que em sua crítica histórica. Como é possível perceber na seguinte citação:
Com Gunkel, a ênfase no estudo de Salmos passou de uma tentativa de determinar o ambiente histórico da composição de um salmo para um esforço de determinar seu uso no culto público ou na devoção particular. A concentração na autoria deu lugar à investigação do ambiente religioso em que o Salmo pode ter surgido e de sua transmissão oral no culto vivo .
É certo que havia um uso comunal, bem como individual e privado dos Salmos. Com esta ênfase Hermann Gunkel desenvolveu cinco formas literárias distintas. Essas formas seriam: (1) Hinos para culto de adoração pública; (2) lamentações e intercessões coletivas; (3) salmos reais, com a função de confirmar a autoridade do rei; (4) salmos de ação de graças; (5) lamentações, intercessões e confissões individuais, além de pedidos pelas necessidades pessoais .
O Salmos também podem ser classificados por temas. Neste tipo de classificação, não se analisa a ordem numérica do Salmo, ou cronológica. Diferente da classificação literária a divisão se dá pelo tema principal abordado em cada saltério.
As classificações temáticas dos Salmos são muitas e variadas. Diversos autores adotam classificações diferentes. Por exemplo Champlin (2000, p. 2055) adota uma classificação em que apresenta dezessete categorias. Já Ellisen (2007, p 207-208) classifica em cinco categorias diferentes. Santos (2014, p. 54-60) classifica os salmos em 6 diferentes tipos, são eles:

1. Salmos didáticos – É o tipo de Salmo que tem a finalidade de levar instrução. Eles são constituídos por reflexões históricas, contrastes entre o justo e o ímpio e exortações (Elissen, 2007, p. 208). Por Exemplo: Salmos 1.

2. Gratidão e louvor – O único Salmo que tem o título de ação de graças é o Salmo 100, mas vários outros foram escritos para agradecer e louvar a Deus. Exemplo: Salmos 150.

3. Históricos – Segundo Santos (2014, p. 57) este tipo de Salmo é caracterizado por apresentar fatos e acontecimentos que marcaram a história do povo de Israel . Exemplo: Salmos 137.

4. Imprecatórios – São Salmos de queixa contra o adversário e pedidos de proteção a Deus, também pedidos de justiça e vingança. Alguns Salmos são chocantemente julgadores dos iníquos, invocando a maldição e a vingança de Deus sobre eles . Exemplo: Salmos 35.

5. Salmos da lei. Também chamados de Salmos de Exaltação a lei de Deus. Um tipo de Salmo onde o escritor não tem seu tema principal centrado, em um único preceito, mas são alvos de sua inspiração diversos decretos e normas que vêm da parte do Senhor para o seu povo . Exemplo: Salmos 118.

6. Salmos Messiânicos. São salmos que apontam para o Messias, sua pessoa e vinda. Nestes Salmos podemos ver os prenúncios de Cristo. Por exemplo: Salmos 118.22
Na classificação temática o que se busca é entender seu conteúdo, desta forma é possível que um Salmo preencha requisitos para ser classificado em mais de uma categoria. Contudo, o que parece ser importante é compreender que há mais de uma maneira de se classificar e até de se entender a poesia que nos é proposta no livro de Salmos.

CONCLUSÃO
Este artigo dedicou-se a apresentar uma visão introdutória geral sobre o Livro de Salmos. Sendo que os Salmos percorrem, através de diversos autores, praticamente todos os períodos da história antiga de Israel, então o estudo de tal obra se torna necessário para se entender a cultura e o pensamento de cada tempo.
Para tanto buscou-se compreender primeiramente o título, uma vez que temos um nome diferente no original do Antigo Testamento de nossa Bíblia em português. A seguir foi estudado os diferentes autores e percebemos que o livro foi escrito durante quase todo período da história antiga de Israel.
Verificou-se também a riqueza da linguagem poética através do uso de símbolos e figura de linguagem. Ainda percebemos que o paralelismo, principal característica da poesia bíblica, permitiu que as figuras de linguagem da poesia hebraica conseguissem sobreviver a tradução para diversas línguas e também atravessar séculos.
Finalmente observamos as diferentes maneiras de se dividir e classificar os Salmos, desde a antiga divisão em cinco livros da Septuaginta, até mesmo maneiras modernas que os classificam em categorias.
De maneira nenhuma tem-se a pretensão de ser este o ponto final de um estudo sobre o livro de Salmos. Este trabalho se propõe a ser apenas uma introdução geral, para aqueles que vão prosseguir na busca de conhecer melhor este livro de cânticos antigos, que até o dia de hoje continua a emocionar através de sua preciosa poesia.

Pr. David Mattos

Presidente da AD VIAMÃO e Coordenador do Conselho de Educação e Cultura Religiosa da CIEPADERGS

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“Jesus, Israel e a Igreja na propagação do Evangelho” – Pr. Amós Anger


Abordaremos algumas conjecturas sobre importante tema do cristianismo, que, consideramos de maior relevância para os cristãos hodiernos. Desde a morte e ressurreição de Jesus vemos a formação da igreja, organismo vivo, que Paulo bem descreve em seus escritos como o corpo de Cristo aqui na terra. Dentro das diretrizes e formação da igreja surgem algumas questões ou regras de desenvolvimento da mesma.
Israel a nação escolhida por Deus, agraciada através da promessa do Eterno a Abraão, o pai da fé, teve relevante participação na história da humanidade e das nações hoje existentes no mundo. Por que não dizer que o mundo ainda gira em torno de Israel e a promessa de Deus ao seu povo?
Porém é necessário analisarmos que durante a história, embora esta nação tenha passado por inúmeras afrontas e guerras, motivadas pelo espírito antissemita que habita na terra, ela se mantem austera, devido às inúmeras intervenções divinas inclusive na história contemporânea, como ocorreu na Guerra dos Seis Dias.
Mas às viúvas da Lei, preciso dizer que, embora a grandeza da promessa feita a Israel e sabendo a sentença divina em seu favor, esta nação não conseguiu cumprir um dos mais importantes propósitos de Deus em sua criação. Visto que ao escolher e privilegiar este povo o Eterno estava também fornecendo ao mundo um exemplo de como viver na dependência do Todo Poderoso!
Então vindo Jesus e cumprindo a Lei, permite Ele que não mais os povos da terra olhem como exemplo a nação de Israel, povo este que ainda detem a promessa divina, porque Deus não é homem para que minta nem filho de homem para que se engane, mas que olhem para a cruz onde o filho de Deus executa o plano de salvação da humanidade, profetizado pelo próprio Pai, no chamado “proto” Evangelho de Gn 3 15, onde sem sombra de dúvidas inicia na terra a preparação para a formação daquilo que hoje chamamos igreja ou corpo de Cristo.
Cristo antes de sua crucificação ensina aos seus discípulos e em detalhes explica, da necessidade dos evangelizados de proclamar a mesma mensagem que Ele pregou em sua estada aqui na terra. Ao lermos o capítulo vinte e oito do Evangelho de Mateus, em seus versículos dezoito, dezenove e vinte e assim como em todos os outros Evangelhos, é citada esta passagem, entendemos que é de sumo interesse de nosso Mestre que as nações sejam ensinadas.
Por que é necessário que as nações sejam ensinadas? Voltemos a Gn 3.15 a sentença de Deus é pra semente da mulher e então obviamente a todos os povos da terra. Como a nação de Israel não conseguiu ter êxito completo em sua função e isto não era possível, pois Paulo diz que a Lei estava enferma, não a Lei de divina recebida por Moisés no cume do monte, mas sim os enxertos anexados pelos legalistas.
Quando Cristo diz assim: “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado.” Jo 3.14. Ele está convidando os povos a olhar para Ele como referência. Esta dizendo: Antes de mim olhava-se para Israel e para a providência divina sobre eles, porém agora estou aqui, olhai para mim eu sou a referência!
Portanto Jesus conclama em todos os Evangelhos anunciai as nações este é o serviço cristão. Ao inaugurar a igreja no Dia de Pentecostes, com a preciosa experiência do derramar do Espírito Santo a congregação entendeu o significado desta recomendação e então o tímido e acanhado Pedro recebe coragem para expressar tudo o que sabia e tinha escutado de seu Mestre, pois Cristo tinha prometido em um momento anterior que quando viesse o Consolador faria eles se lembrar de tudo quanto tinham visto e ouvido. Aproveito a deixa e lembro da necessidade de estarmos sempre ouvindo e vendo nas Escrituras as grandezas do soberano para que no momento certo tenhamos da parte do Espírito Santo a lembrança do que estudamos. Como igreja temos cumprido esta missão de proclamarmos o Evangelho que Cristo pregou? Ou estamos preocupados com posições sociais, cargos ministeriais, nosso próprio eu, ou em entrarmos em vãs discussões? Lembremo-nos do querido apóstolo que nos recomenda a estreitarmos os laços com o autor e consumador da nossa fé. Ao prestarmos atenção a estes três versículos finais do Evangelho de Mateus, vemos que, como nos outros Evangelhos a missão da igreja está em aberto e o ato de fazer discípulos nos chama para vivermos uma vida irrepreensível para que então sigamos o exemplo do estimado irmão Paulo e digamos sem medo, sede meus imitadores assim como sou de Cristo Jesus!
O ato de batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo faz com que a igreja deixe sua marca por onde passar, pois o testemunho público dos então convertidos gera uma expectativa em quem não é igreja ainda, que então passa a observar o cristão confesso, analisando as atitudes do mesmo, assim como os povos olhavam para Israel. E se os atos deste crente condizem com os de Cristo então o mesmo está ensinando os povos a “guardar todas as coisas que vos tenho mandado”, pois sabemos que o exemplo ensina mais do que as palavras.
E Israel deve ser observado por quem? Jesus recomendou em seu sermão profético que devemos olhar para a figueira, isto é, para a nação de Israel, quando ela estiver em rebroto, próximo está o fim. A igreja deve observar a Israel como relógio de Deus dizendo há quanto tempo estamos do fim, ou da volta do noivo amado, que estamos ansiosos a sua espera. É bem verdade de que quanto mais perto do fim mais o amor se esfria e mais difícil se torna o ato de fazer discípulos, de evangelizar, mas Ele prometeu que estaria conosco todos os dias até a consumação dos séculos (v.20). Sim até a consumação de todas as coisas aqui na terra Ele estará conosco e não mais aquele Jesus com o rosto sofrido, homem de dores ou como aquele que as pessoas que o viam viravam o rosto, como profetizou Isaias, mas sim o do versículo dezoito. “É me dado todo o poder no céu e na terra!”

Pr. Amós Anger

Presidente da AD JARI

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Devocional

A POESIA DOS SALMOS – Salmos Parte 2 com Pr. David Mattos

Os Salmos são coleções de poemas líricos, sendo que muitos foram preparados para a músicas e usados na adoração . Ou seja, os Salmos não são apenas poemas, mas composições líricas . Contudo, uma vez que estamos tratando de uma poesia hebraica antiga, dificilmente podemos ver a construção poética lírica com a clareza que vemos, quando podemos ler um poema em nossa própria língua.
A simples leitura do Livro de Salmos já é suficiente para compreendermos que estamos diante de escritos de significados profundos. Mas, para buscar uma maior compreensão é necessário estudar a poesia hebraica.
Uma das principais características da poesia hebraica é o paralelismo. O paralelismo é uma característica tão importante que encontramos até mesmo no Novo Testamento, por exemplo na parábola dos Filhos Perdidos (também chamada de parábola do Filho Pródigo), onde temos uma forma de paralelismo invertido .
Discorrendo sobre a poesia hebraica Kidner explica o que é paralelismo:
“A característica fundamental destas poesias, no entanto, não era suas formas ou seus ritmos externos, mas, sim, seu modo de combinar ou ecoar um pensamento com outro. Isto tem sido descrito como sendo rima de pensamento, porém, mais frequentemente, como paralelismo, um termo introduzido pelo Bispo Robert Lowth no século dezoito” .
O paralelismo permite que ao ser o texto traduzido para outro idioma, não se perca o mais importante da mensagem, mesmo não se tendo mais os ritmos ou a rima, ainda assim se mantém a beleza, os sentimentos e o mais importante a verdade original .
Os principais tipos de paralelismo hebraico são: sinonímico, antitético e sintético . Mas também temos paralelismos que embora menos importantes devem ser observados: analítico, climático, emblemático e quiasmo.
O paralelismo é uma importante chave para se entender a poesia do livro de Salmos. Através desta característica os ritmos, as figuras de linguagem conseguem sobreviver a tradução para diversas línguas e também atravessar séculos. A seguir estão aqueles que são considerados os principais tipos de paralelismo.
No paralelismo sintético a segunda parte desenvolve ou amplia a mensagem da primeira.
No paralelismo sintético, chamamos de clímax quando o segundo membro apenas “repete e precisa o primeiro”, acrescentando-lhe uma palavra ou uma indicação que torne a ideia mais forte .
No Salmo 26, versículo 2 temos um exemplo de paralelismo sintético:
“Examina-me, SENHOR e prova-me; esquadrinha a minha mente e o meu coração”.
Observe como a ideia vai se tornando cada vez mais forte: Examina, prova e por fim esquadrinha.
Quando temos a segunda parte repetindo com sinônimos o pensamento da primeira parte, temos o paralelismo sinonímico. Por exemplo:
Pelo que os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos. (Salmos 1.5).
Já no paralelismo antitético, a segunda expressão é uma antítese da primeira, fazendo um contraste ao mesmo tempo que reforçando a ideia principal. Por exemplo:
Porque o SENHOR conhece o caminho dos justos; mas o caminho dos ímpios perecerá. (Salmos 1.6).
Há vários tipos paralelismos encontrados nos Salmos, mas a força da poesia hebraica brota dos arranjos e repetições das emoções, ideias, e imagens apresentadas pelo poeta .
Além do paralelismo podemos também observar na poesia hebraica a riqueza do uso de imagens e figuras de linguagem. A maioria dos Salmos se utiliza deste recurso para compor sua poesia. São recursos como símile, metáfora, alegoria, metonímia, sinédoque, hipérbole, personificação, apóstrofe, antropomorfismo, etc.

Pr. David Mattos

Presidente da AD VIAMÃO Coordenador do Conselho de Educação Religiosa e Cultura da CIEPADERGS

REFERÊNCIAS:

RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. 6. ed. Traduzido por Alexandre Lacnit e Arsênio Novaes Netto. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2007. (p. 346).
ELLISEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento: um guia com esboços e gráficos explicativos dos primeiros 39 livros da Bíblia. 1. ed. Traduzido por Emma Lima. São Paulo: Editora Vida, 2007. (p. 199).
KUNZ, Claiton André. As Parábolas de Jesus e seu ensino sobre o Reino de Deus: Desvendando o mistério das 42 parábolas muito além do óbvio. 3. ed. Curitiba: A.D. Santos Editora, 2014. (p. 133-134).
KIDNER, Derek. Salmos 1-72 Introdução e comentário. 1. ed. Traduzido por Gordon Chown. São Paulo: Edições Vida Nova, 1980. (p. 13).
SANTOS, Jaqueline. Livros Poéticos: A Poesia na Bíblia. 5. ed. Viamão: Instituto Educacional Alpha, 2014. (p. 41).

ELLISEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento: um guia com esboços e gráficos explicativos dos primeiros 39 livros da Bíblia. 1. ed. Traduzido por Emma Lima. São Paulo: Editora Vida, 2007. (p. 172).
HOLANDA, Hilma Barreto. O Livro de Salmos e a Literatura. 2014. Artigo (Licenciatura em Letras) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014. (p. 31). RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. 6. ed. Traduzido por Alexandre Lacnit e Arsênio Novaes Netto. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2007. (p. 346).

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